quinta-feira, 12 de julho de 2012

RODOPIAR E VARRER O CHÃO



RODOPIAR E VARRER O CHÃO
De: Ysolda Cabral


Cansei de usar a música como ‘’auto-ajuda’’ nos engarrafamentos das avenidas, ruas e estradas da vida. Quero a música alta, espalhada pela casa de forma que, esteja onde estiver escute sem falhas e possa dançar, cantar e até gritar de prazer pelo dom da audição, da movimentação, da sensibilidade e da capacidade de jogar tudo para o alto e recomeçar.

Ah! Eu amo a música tanto quanto amo o Mar, a minha pequena jardineira de Hortelã e a minha filha – não sei se aqui caberia o amor também de mãe, uma vez que este é único. Mas, enfim...

Amo a música de forma tão intensa que fico indefesa e sei que ela pode me fazer sorrir, cantar, bailar e chorar de alegria, tristeza ou saudade sem nenhum pudor, isso em qualquer lugar e circunstância.

Quero escutar a música bem alta e lavar os lençóis de minha cama festejando a solidão. Depois seguir para a pia e lavar os pratos, os talheres e os copos, jogados em cima do balcão, sem ter que dá nenhuma satisfação.

Fazer da vassoura uma parceira na dança e sair com ela rodopiando e varrendo o chão.

Quero ouvir a música que me deslumbra e me faz até sentir saudades de fazer uma boa faxina. 

Nossa, meu caso é mesmo sério!

- Será de internação?

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Publicado no Recanto das Letras  em 10/07/2012
Código do texto: T3770796