quinta-feira, 1 de julho de 2010

CONTRA O BULING, "JOANINHA" NELE!




CONTRA O BULING, “JOANINHA” NELE!
De: Ysolda Cabral



Outro dia lembrando fatos que aconteceram comigo ainda quando menina fiquei a refletir o quanto eu era boba. Era?!!

Minha filha é do mesmo jeito, infelizmente. Quando estava grávida só pedia a Deus para que ela viesse perfeitinha e com o temperamento do pai pra não sofrer tanto na vida, mas foi inútil.

Fiz o primário num colégio de freiras aonde sofria o diabo de uma colega que dividia a carteira comigo. Ô bicha ruim!!! Ela me batia, me dava beliscões, enfiava a ponta do lápis na minha mão e fazia a maior cara de inocente. Quando eu chorava, ela vinha me acarinhar para confundir Madre Gorety, nossa professora, também por receio de que eu falasse alguma coisa. E, eu boba que só, ficava agüentando aquela peste sem dizer nada a ninguém.

Mamãe começou a perceber que alguma coisa estranha andava acontecendo comigo. Eu, para não preocupar minha mãe, cheguei à conclusão que havia chegado o momento de dar um basta naquilo.

No recreio, momento que ela adorava me dar bolada nas costas, peguei a “bicha” de jeito e lhe dei uma surra que ela jamais esqueceu. A partir daquele dia nunca mais se meteu comigo, Graças a Deus!

Às vezes é preciso que a gente tome uma atitude radical para “acertar” as coisas. Foi o que tentei ensinar para minha filha quando ela, também, aos oito ou nove anos, vivenciou uma situação similar. Entretanto, não tão radical.

No colégio que estudava existiam várias pestinhas, e, uma em especial, vivia aprontando o tempo inteiro com ela. Quando não lhe batia “sem querer”, xingava de todas as formas com cabeludos palavrões. O mais impressionante é que as “tias” nada faziam. Conversei com a coordenação do colégio; enviei correspondência pedindo providências; quis tirá-la de lá...

O máximo que consegui foi trocá-la de sala, pois a hipótese de sair do colégio minha filha se colocava contra e argumentava que se saísse significaria a vitória do mal contra o bem. Eu ficava numa sensação de impotência terrível. Ao mesmo tempo admirava a coragem e a ponderação de minha pequena filha. Tinha que haver um jeito...

Sugeri que ela conversasse com a garota e também com as outras, as quais se deixavam levar pela pestinha e que, pedisse aos “anjinhos de guarda” que dessem uma ‘forcinha’ na conversa para que àquilo parasse e que todas voltassem a ser amigas. O resultado dessa conversa foi um desastre! Resolvi apelar para ignorância...

Como a garota tinha um bumbum gigantesco, (nem sei como conseguia andar) falei para minha filha que, mesmo que ela tivesse coragem não convinha dar umas tapas na menina, então que lhe chamasse de tanajura. Com certeza ela iria odiar. E, repeti enfatizando bem a palavra TANAJURA, para que minha filha não esquecesse. Ela entrou no colégio repetindo o “palavrão”: TANAJURA, TANAJURA, TANAJURA...

À tardinha quando fui lhe buscar a encontrei de alma lavada. Havia neutralizado totalmente a garota. Não sei se pelo tamanho do “palavrão” ou pelo fato de no repertório dela não constar um “palavrão” tão eficiente.

Feliz, pedi que me contasse em detalhes como tinha sido a “batalha”. Ela, muito contente me contou que, quando a menina pensou em lhe xingar, ela já lhe xingava em alto e bom som de JOANINHA, JOANINHA, JOANINHA...

E foi assim que minha filha ganhou a batalha. (Rsrs)

Hoje, fatos dessa natureza são chamados de bulings. JOANINHA neles!

Ou seja: CORAGEM!!! Principalmente, para pedir AJUDA. Jamais esconda de seus pais, ou responsável o que está acontecendo.

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Publicado no Recanto das Letras em 01/07/2010
Código do texto: T2351424